Crise derruba Margem de Lucro das Operadoras "Premium Class"

08/03/2010 16:32

As operadoras de planos de saúde premium, voltadas para as classes A e B, encerraram o ano com aumento na receita e no número de clientes. Mas a rentabilidade não acompanhou esse desempenho devido ao aumento da sinistralidade. Com a crise econômica e a gripe suína, o uso dos planos de saúde disparou, provocando uma queda de cerca de 50% na margem de lucro das operadoras em 2009.
Maior plano de saúde do segmento de luxo, a Omint conquistou 8 mil novos clientes e fechou o ano com faturamento de R$ 479 milhões, uma alta de 10% sobre o resultado de 2008. Mas a rentabilidade, que historicamente é de 8%, ficou entre 4% e 5%. "Levando-se em consideração cada beneficiário, a receita aumentou em média 8%, mas os custos médicos tiveram elevação de 17% no ano passado" explicou Andre do Amaral Coutinho, diretor-geral da Omint.
Na Care Plus, que terminou o ano com 45 mil vidas, a receita aumentou de R$ 140 milhões para R$ 152 milhões. "Nossa receita cresceu cerca de 10%, entretanto a rentabilidade caiu 35% por causa da perda de 2,5 mil clientes que foram demitidos e do aumento no uso dos planos", afirmou Maurício Amaral, presidente da Care Plus. Sua margem de lucro, que costuma ser de 8%, baixou para 5% em 2009.
A Lincx conseguiu um crescimento maior no faturamento, de 16%, mas também viu sua rentabilidade diminuir de 6% para 2,8%. A compensação veio dos planos odontológicos, cuja carteira saltou 77% atingindo 4,6 mil vidas em dezembro.
A queda no resultado já era esperada pelas três operadoras. "No começo do ano passado nossa expectativa era crescer 6%", observou o presidente da Omint, que inaugurou uma nova sede, orçada em quase R$ 50 milhões, no ano passado.
Segundo os executivos das operadoras ouvidos pelo Valor, os clientes corporativos não abriram mão dos planos de saúde voltados para o público de alta renda. Havia uma expectativa de que as empresas, principalmente as multinacionais, que usavam planos de saúde mais caros, migrassem para modalidades mais baratas.
"Muitas empresas usaram os planos de saúde e outros benefícios para reter e atrair talentos [executivos]. Além disso, com as demissões que ocorreram, as empresas constataram que trocar um plano de saúde premium para um inferior iria piorar ainda mais o clima de trabalho", disse Silvio Corrêa da Fonseca, presidente da Lincx. "Ao mesmo tempo, várias empresas que nunca tinham mexido nos seus planos e tiveram que fazer pesquisa de preço com a crise, acabaram trocando de planos. Por isso conseguimos aumentar nossa base de clientes", afirmou o executivo da Omint.
Para este ano, as três operadoras têm previsões otimistas, uma vez que o cenário econômico é favorável e a gripe suína não deve gerar o clima de pânico registrado no inverno passado. "Nossa expectativa é crescer 18% na receita e 10% no número de vidas", enumerou o executivo da Care Plus. A Omint projeta uma alta de 14% no faturamento e a Lincx prevê que a receita chegue ao final de dezembro com alta de 17%. (Beth Koike - Valor Online)
 

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